sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Livre de Ser

Escrevo. Arraigado a esta cadeira. Amarrado a este papel. Agarrado a este lápis.

Lá longe, aqui ao lado, as aves voam, mas não nadam. Os peixes nadam, mas não voam.
A água sobe, mas em chuva desce. Tira a sede, mas afoga. Arrefece, mas mata.
O fogo aquece, mas queima. E da brasa nasce a cinza!
O ar respira, mas sufoca.
As folhas altas vivem, mas sempre caem.

Novamente em mim, aqui acorrentado.
Sem luz, não vejo. Sem vento, não ouço. Sem dor, não sinto.
Só não mais caio, porque mais não há para cair:
Sou grave de direito.

Mas para que me quero mais livre,
Se não há melhor vida que a de prisioneiro?

É este cárcere que me tira a fome,
É este cárcere que me tira a sede,
É este cárcere que me dá tecto,
É somente viver no cárcere da vida!

Porém, quem me tira sonhar?
Quem me tira       i           n          v   e     n                t          a      r                  ?
                                                                                   Quem me tira ser quem não sou,
E voltar a ser quem era?


Quem me tira pensar
                                                                                         Como
                                       Bem queira?


Leis, não me tentem apanhar…
Eu sou mais rápido…


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